sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Minha terra tem coqueiros...

Minha terra tem coqueiros...


By Fabiana Lacerda graduanda em Nutrição/Escola de Nutrição da UFBA
Mangue-seco - BA
Dentre as principais causas de morte, as doenças cardiovasculares são as mais freqüentes no Brasil. 
Os riscos para desenvolver estas doenças aumentam com a idade, nos homens e naqueles que tem histórico familiar. Além disso, a hipertensão, obesidade, diabetes, colesterol elevado e fatores associados ao estilo de vida, como sedentarismo, estresse e uso do cigarro, aumentam as chances. A idade, sexo e história familiar não podem ser modificados, mas mudanças de comportamento e cuidados com a saúde podem ter um resultado positivo ao longo da vida. Entre estes cuidados está a escolha de uma alimentação saudável.
Sabe-se que o consumo elevado de colesterol, gorduras saturadas e trans na dieta está relacionado à formação da placa de ateroma dentro dos vasos sanguíneos, responsáveis pela obstrução do vaso podendo levar ao infarto. Porém, nem toda gordura saturada é prejudicial. 

Uma recente pesquisa para a dissertação de mestrado da Nutricionista Christine Erika Vogel, orientada pelas professoras-adjuntas Márcia Soares da Mota e Eliane Lopes Rosado, do setor de Nutrição Clínica do INJC - UFRJ demonstrou que o consumo de óleo de coco extravirgem em indivíduos obesos GI (IMC 30,0 - 34,9 Kg/m²) teve um aumento significativo nos níveis de HDL (o 'bom' colesterol) e redução nas taxas de glicemia e resistência à insulina. Estudos prévios propuseram que os triglicerídeos de cadeia média (TCM), tipo de lipídio encontrado no óleo de coco, favorecem a perda de peso por induzirem o aumento do gasto energético basal e da termogênese induzida pela dieta. – Apesar dos resultados promissores encontrados na pesquisa, ainda não se pode, a partir desses dados preliminares, garantir uma recomendação populacional de uso do óleo de coco, pois há a necessidade de expandirmos o tempo de estudo e aumentarmos o número de voluntários, visando à confirmação dos efeitos benéficos.No entanto, vale destacar que o uso de óleo de coco, na quantidade de uma colher de sopa por dia, associado a um plano alimentar adequado, é seguro para o perfil lipídico e glicídico dos indivíduos – afirma Márcia Soares. O grifo é meu. 

O coco pode ser considerado um alimento funcional, pois é rico em proteínas, carboidratos, óleos e minerais e vários componentes benéficos à saúde, classificados como nutracêuticos, como o ácido láurico.Cerca de 50% da gordura do coco é composta pelo ácido láurico, o seu principal ácido graxo, de cadeia média, que no corpo humano se transforma em monolaurina, um monoglicerídeo de ação antibacteriana, antiviral e antiprotozoária, usado pelo organismo para destruir a capa lipídica de vários microorganismos. Porém, o uso do óleo de coco não exclui o uso de outros óleos vegetais como fonte dos ácidos oléico e linoléico, limitantes no óleo de coco. Composição de ácidos graxos do óleo de coco:
  • Ácido láurico (C-12) = 44,0 - 52,0
  • Ácido oléico (C-18:1) = 5,0 - 8,0
  • Ácido linoléico (C-18:2) = traços - 2,5
Outras vantagens que o consumo do óleo de coco apresenta: diminui a concentração de substâncias pró-inflamatórias do organismo, como TNF-alfa e IL-6, seus TCM são rapidamente absorvidos, não promovem obesidade, pois não são depositados no tecido adiposo, não promovem a síntese de colesterol, é um antioxidante natural, protegendo as células da ação de radicais livres e não promovem a formação de ateromas.

É possível fazer o óleo de coco em casa. Segue abaixo uma coletânea de links e referências para conhecer um pouco mais do óleo de coco e como prepará-lo.


Conrado S. Dayrit. COCONUT OIL: Atherogenic or Not?(What therefore causes Atherosclerosis?). Philippine Journal Of Cardiology. Jul-Sep 2003, V. 31 N. 3, p. 97-104.

Intahphuak, S.; Khonsung, P.; Panthong, A. Anti-inflammatory, analgesic, and antipyretic activities of virgin coconut oil. Pharm Biol. 2010 Feb;48(2):151-7.

Nevin, K. G.; Rajamohan, T. Effect of topical application of virgin coconut oil on skin components and antioxidant status during dermal wound healing in young rats. Skin Pharmacol Physiol. 2010, v. 23, n. 6, p. 290-7.
Vogel, C. E.; Influência do Consumo Dietético de Triglicerídeos de Cadeia Média na Composição Corporal, Saciedade, Lipemia e Resposta Glicêmica em Homens Obesos. Dissertação. UFRJ.

Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo,Escola de Nutrição da UFBA, Salvador, 27/10/10

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

No dia do Macarrão uma boa pedida: SPAGUETTI à LA LINDA!

Spaguetti à la Linda
Ingredientes
Spaguetti (500g)
Filé merluza (500g)
Creme de leite light (01 lata)
Leite de coco light (01 vidro)
Cebola (200g)
Tomate (200g)
Pimentão (01 unidade)
Coentro (1 molho pequeno)
Alho (01 pitada)
Pimenta calabresa (01 c. de chá)
Azeitona sem caroço (01 vidro)
Queijo parmesão (01 pacote)
Preparo:
Picar a cebola, o tomate, o pimentão e o coentro, acrescentar pimenta e sal a gosto.
Misturar bem todos os ingredientes e colocar os filés de merluza em 100 ml de água. Tampar a panela e deixar cozinhar um pouco. Com uma colher quebrar um pouco os filés até que fiquem em pedaços bem pequenos. Acrescentar o azeite, as azeitona, o leite de coco, o queijo parmesão e por último o creme de leite.
Colocar em uma panela grande, a água, o sal, duas folhas de louro e um fio de azeite. Quando ferver colocar o spaguetti, escorrer quando estiver al dente. Servir imediatamente com o molho por cima e colocar queijo parmesão a gosto.
Servir com vinho branco ou tinto.
MINHA HISTÓRIA DA RECEITA DE SPAGUETTI À LA LINDA

Era o fim de mais um dia de trabalho e eu estava exausta! Havia ministrado 12h de aula, quatro em cada turno (sou professora universitária, ministro aulas de nutrição e gastronomia), eram 22.30h e o que eu queria mesmo era tomar um banho e ir dormir...
Mas...ouvi uma voz que soava nos meus ouvidos, uma mistura de pedido e ordem - dormir nada! Dizia Onaldo, meu marido, eu tô com fome! E nosso filho adotivo, (e essa é outra história)... apressou-se em fazer coro, eu também tô com fome!
Como professora de gastronomia aprendi a valorizar o ato de cozinhar não só para nutrir, mas porque nele reside todas as informações relativas aos usos, costumes e tradições, a história de um povo e principalmente o relacionamento em torno da comida. A nutrição ficou muito mais valorizada porque a gastronomia transforma todos os conhecimentos nutricionais em pratos que proporcionam prazer a quem faz e quem come.
Cozinhar deixou de ser uma obrigação feminina para mim. Cozinhar é um exercício de sabedoria e amor. A cada prato elaborado, estabeleço um código relacional com os saberes, sabores e cores dos alimentos e com as pessoas para quem preparo, sejam alunos, amigos ou família. Preparar um prato hoje, tem uma significação simbólica e um prazer que se inicia na decisão de fazer e permanece na memória gustativa de quem comeu.
Depois da apelação “ tô morrendo de fome”, me dirigi à cozinha. Abri o armário, olhei os ingredientes disponíveis para um prato rápido e digestivo, selecionei alguns pensando em uma macarronada. Abri o refrigerador e retirei uns filés de merluza. Enquanto eu preparava, na sala ao lado eles conversavam, riam, contavam estórias e histórias, de vez em quando eu também participava da conversa, ríamos juntos. Estávamos felizes! Ponham a mesa, falei, está pronto afirmei. O sorriso estava no rosto dos dois. Sentamo-nos à mesa e nos servimos. O olhar de encantamento, os aromas que se desprendiam e os HUUUMMMMM que se seguiam a cada porção degustada, completavam a cena familiar de puro êxtase! Os dois perguntaram quase que simultaneamente, que prato é esse tão gostoso que nunca comemos? Pensei um pouco na minha criação gastronômica, me sentindo uma chef de cuisine estrelada exclamei, SPAGUETTI à LA LINDA! Rimos todos felizes e a partir deste dia este prato ficou sendo o “nosso prato”
A receita acima se adequa aos conhecimentos nutricionais: alimentos de digestão rápida apropriada para o horário; utilizando leite de coco e creme de leite light de baixa caloria e melhor digestibilidade. Fornece proteína, carboidratos, lipídeos, vitaminas e sais minerais de forma equilibrada e harmônica.

Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo, Escola de Nutrição da UFBA, Salvador, 25/10/10

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Transtorno da compulsão alimentar periódica


O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) ou binge eating disorder é uma doença psiquiátrica caracterizada por episódios descontrolados e recorrentes de alimentação compulsiva. O episódio de compulsão alimentar ocorre quando o indivíduo ingere uma quantidade anormalmente grande de alimentos em até duas horas, acompanhada da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come.

Essa doença ocorre principalmente em indivíduos com sobrepeso e obesidade, mas não está limitado somente a este grupo, podendo ocorrer em pessoas com peso normal. 

No Brasil, pesquisas científicas encontraram uma prevalência desse transtorno entre 15% e 22% dos pacientes que procuram tratamento para obesidade. Entre os pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica, esta prevalência pode variar de 27% a 47%.

Portanto, é importante observar os sinais clínicos do TCAP em pacientes que procuram tratamento para o sobrepeso e obesidade, pois os indivíduos interrompem prematuramente a dieta prescrita pela incapacidade de controlar a ingestão alimentar. 

Encontre abaixo os critérios de diagnóstico para TCAP, segundo o DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

1. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes critérios:
- Ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares. 
- Sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come). 

2. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios: 
- Comer muito e mais rapidamente do que o normal. 
- Comer até sentir-se incomodamente repleto. 
- Comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto. 
- Comer sozinho devido à quantidade de alimentos que consome. 
- Sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente. 

3. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.

4. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses. 

5. A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa. 

O tratamento do TCAP se baseia em abordagens multiprofissionais através de intervenções combinadas com antidepressivos e psicoterapias. A terapia nutricional tem como objetivo estabelecer hábitos saudáveis de alimentação, na tentativa de estabelecer o peso ideal do indivíduo.


Bibliografia (s)

Roehrig M, Masheb RM, White MA, Grilo CM. Dieting frequency in obese patients with binge eating disorder: behavioral and metabolic correlates. Obesity (Silver Spring). 2009;17(4):689-97. 

Pivetta LA, Gonçalves-Silva RM. Compulsão alimentar e fatores associados em adolescentes de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Cad Saude Publica. 2010;26(2):337-46.

Petribu K, Ribeiro ES, Oliveira FMF, Braz CIA, Gomes MLM, Araujo DE, et al. Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica em Uma População de Obesos Mórbidos Candidatos a Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife – PE. Arq Bras Endocrinol Metab. 2006;50(5):901-908.

Stefano SC, Borges MB, Claudino AM. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Disponível em: http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu1_07.htm Acessado em: 04/10/2010.

By Rita de Cássia Borges de Castro

Fonte:http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&categoria=23&id=590


Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo. Escola de Nutrição da UFBA.Salvador 15/10/10

PARABÉNS A TODOS OS PROFESSORES! QUE DEUS NOS DÊ MUITA SABEDORIA!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Canela X Diabetes

Quer uma dica simples que pode trazer benefícios para aqueles que têm tendência a desenvolver diabetes ou àqueles que já têm a doença? Consumir canela diariamente. Cerca de 3 gramas por dia parece ser a dose mais aceita até o momento.
Estudo de 2003 mostrou que o consumo regular de 3 gramas de canela (aproximadamente 1 colher de chá) por dia foi capaz de reduzir a quantidade de glicose circulante, triglicerídeos (TG) e algumas frações do colesterol em  indivíduos com diabetes tipo 2.
Outro estudo de 2009 verificou que a adição de 3 gramas de canela a um alimento teste foi capaz de melhorar a resposta da insulina (hormônio que possui sua ação alterada no diabetes) e, além disso, demonstrou também que a canela foi capaz de aumentar a liberação de um hormônio chamado, GLP-1, que atua aumentando a saciedade.
Se procurarmos a fundo existem mais estudos demonstrando os benefícios do consumo da canela assim como existem alguns que não encontram tais benefícios.  Até o momento parece que a canela pode trazer sim grandes benefícios. Além disso, como nenhum estudo mostra efeitos negativos e sendo este um alimento sem calorias, barato e muito saboroso, acho que vale a pena a tentativa.
Que tal nesses dias de chuva um leite quente com canela?
Quer saber mais?
Hlebowics et al. Effects of 1 and 3 g cinnamon on gastric emptying, satiety, and postprandial blood glucose, insulin, glucose-dependent insulinotropic polypeptide, glucagon-like peptide 1, and ghrelin concentrations in healthy subjects. Am J Clin Nutr; 89:815–212, 2009.

Khan et al., Cinnamon Improves Glucose and Lipids of People With Type 2 Diabetes.Diabetes Care 26:3215–3218, 2003.


Arroz doce ( c/ adoçante) com canela em pó.
Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo, Escola de Nutrição da UFBA, Salvador/BA 05/10/10

domingo, 3 de outubro de 2010

Obesidade e Síndrome do Ovário Policísticos-SOP

Exemplo da montagem de um prato com os macro e micro nutrientes distribuídos de forma equilibrada.

Obesidade e Síndrome do Ovário Policísticos-SOP

A SOP é uma patologia endócrino-metabólica que acomete 3 a  8% das adolescentes.Costa et all ( 2007 ), relaciona a SOP a acne e obesidade. Errman (2004), associa também além da obesidade, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes melittus e resistência periférica à insulina. Os sintomas mais prevalentes  são, seborréia, síndrome metatabólica e disfunção psicológica. Exames laboratoriais de intolerância a glicose, colesterol total e frações e triglicerídeos, como também o controle da pressão arterial.  
Silva et all ( 2006 ), relata que o uso de metformina e glitazonas ( agentes sensibilizadores da insulina), sejam mais eficientes que os anticoncepcionais orais no tratamento da SOP.

A prescrição dietoterápica deve considerar, os exames laboratoriais, os níveis pressóricos, o diagnóstico nutricional, os sintomas, para elaboração do planejamento alimentar. Ou seja se a paciente apresentar sobrepeso ou obesidade e estiver em desenvolvimento (adolescência) para o cálculo valor calórico diário-VET, deve-se levar em consideração  quando for efetivar a redução calórica com o objetivo da perda ponderal na prescrição dietoterápica. Da mesma forma que o exames bioquímicos vão balizar a qualidade e quantidade dos macronutrientes.

Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo, Escola de Nutrição da UFBA, Salvador/BA 03/10/10