quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Alimentos leves e muita água ajudam a manter o pique no Carnaval.


Valéria Sinésio e Linda Susan.



By Valéria Sinésio ( Jornal da Paraíba)
Alimentos leves e muita água ajudam a manter o pique no Carnaval

O Carnaval dura muitos dias e exige bastante do corpo. E para manter o pique durante a folia, é preciso uma alimentação adequada e saudável, pois não há nada pior que a dor de cabeça e outros incômodos que costumam aparecer após a maratona dos quatro dias (para muitas pessoas dura bem mais). Se evitar a ressaca é impossível, a boa notícia é que existem meios de amenizar os desconfortos.
Antes de iniciar as dicas, é importante lembrar que os cuidados com a alimentação valem tanto para quem vai desfilar em algum bloco carnavalesco, como para quem enfrenta os carnavais de rua, sempre regado a muito frevo e alegria. A nutricionista Linda Susan* elencou algumas dicas preciosas para não padecer após a “Quarta-feira de Cinzas”.
A primeira delas é exatamente sobre a reposição de líquidos. “O catabolismo, ou gasto energético, utiliza água e calor, aumentando a temperatura corpórea, que por sua vez aumenta a sudorese”, explica. Quando a temperatura baixa no corpo, ocorre a perda de líquido, que precisa ser reposto para prevenir a desidratação. “Por isso, beba água, muita água”, completa.
É importante lembrar que a preferência, além da água, é para sucos naturais e água de coco. “Se o folião fizer um bom planejamento dietético, não há necessidade de consumir as bebidas energéticas”, destaca a nutricionista. O refrigerante fica de fora da lista de recomendações, por apresentar um baixo teor de hidratação. Inclusive, se consumidos em excesso podem fazer o efeito contrário: desidratar.
A reposição de líquidos vai minimizar, pelo menos, três problemas: dor de cabeça, cansaço excessivo e fraqueza muscular. Dois litros de água ou uma garrafa pequena a cada hora no sol ajudam a manter o corpo hidratado. Quanto mais tempo no sol, mais água deve ser consumida. A dica é válida também para lugares com temperaturas altas, como João Pessoa e Recife, por exemplo.
A dieta nos dias da festa do Rei Momo deve ser rica em vitaminas e em minerais, para que os foliões possam aproveitar ao máximo a folia. Linda Susan sugere, no período que antecede, carboidratos complexos para armazenar glicogênio muscular e hepático para manutenção do nível glicêmico. Segundo ela, os carboidratos são a fonte mais adequada e barata para produção de energia e antes da festa, devem ser consumidos os complexos, que servem para armazenar.
“Durante o pique, a preferência é para os carboidratos simples, para a manutenção do nível glicêmico”, recomenda. Quando a poeira baixar e for hora de voltar para casa, é preciso reequilibrar o organismo, consumindo primeiro os carboidratos simples e depois os complexos. Para quem vai acordar cedo, o ideal é um café da manhã reforçado.
É comum o consumo do álcool no Carnaval. E se você não resiste às bebidas, tente ao menos intercalar as latinhas de cerveja com um ou dois copos de suco de frutas ou  de água. O álcool é altamente calórico e deve ser consumido com moderação. É importante salientar que ninguém deve beber com o estômago vazio para evitar a hipoglicemia e até mesmo para não ter de ir embora antes que a festa termine. “O álcool aumenta a diurese, o que provoca a desidratação e a perda de vitaminas e oligoelementos do corpo”, afirma a nutricionista, acrescentando que “a longo prazo, os danos são inúmeros, principalmente os hepáticos”.

COORDENADA
Nos dias de Carnaval o organismo não tira folga e precisa das refeições, reforçadas, por sinal. Para o café da manhã, opte por pães e cereais integrais e laticínios como leite, iogurtes e queijos magros. “As frutas e sucos naturais não podem faltar no cardápio”, lembra a nutricionista. A dica é evitar alimentos gordurosos como pizzas, feijoadas e outros à base de molhos muito gorduroso ou que contenha maionese”, explica.
Ao longo do dia, a dica de nutrição é o consumo de cereais integrais como arroz e massas. “De forma que o alimento consumido contribua para a resistência física do corpo”, explica Linda Susan.

* Nutricionista, Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos e Profª da Escola de Nutrição da UFBA.



Linda Susan 23/02/10   Salvador/BA

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Qual a alimentação ideal para quem vai cair na folia no Carnaval?



Valéria Sinésio entrevista para o Jornal da Paraíba a Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo da Escola de Nutrição da UFBA.

1. Qual a alimentação ideal para quem vai cair na folia no Carnaval?
Durante o período que antecede, carboidratos complexos para armazenar
glicogênio muscular e hepático e  manutenção do nível glicêmico
durante a folia.

2. Qual a importância da reposição de líquidos para o corpo do folião?
O catabolismo( gasto energético) utiliza água também e o calor  aumenta a
temperatura corpórea, o que aumenta a sudorese com o objetivo de baixar
a temperatura causando perda de líquído, o qual precisa ser reposto para
prevenir a desidratação.

3. Já que o Carnaval é uma festa que exige muito do corpo, os carboidratos
 podem ser incluídos no cardápio?
Os carboidratos são a fonte mais adequada e mais barata para produção
de energia e devem ser utilizados,antes, os complexos(armazenar)raízes, tubercúlos, grãos integrais,feijões;
durante, os simples,açúcares, mel, doces, rapadura ( uso imediato e manutenção do nível glicêmico); e
depois para reequilibrar o organismo, 1º os simples e depois os
complexos.

 4. As bebidas energéticas são boas opções para o folião?
Se o folião fizer um planejamento dietético não há necessidade.Mas sim
de hidratação com água, muita água.

5. E a ingestão de álcool, até que ponto não vai prejudicar o corpo? E quais
os efeitos posteriores?
O alcool é prejudicial à saúde sempre, principalmente o excesso.Provoca além do problema social, o aumento da criminalização.Em relação a saúde, aumenta a diurese, o que provoca a desidratação e também perda de vitaminas.A longo prazo os danos são inúmeros mas principalmente os danos hepáticos.

Linda Susan 12/02/10    João Pessoa/PB

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ácidos graxos ômega-3 podem contribuir com a prevenção do diabetes tipo 2


Ácidos graxos ômega-3 podem contribuir com a prevenção do diabetes tipo 2
Data:            04/02/2010
Autor(a):       Iara Waitzberg Lewinski
Fotógrafo:    Camila Marques


O consumo moderado de ácidos graxos ômega-3 e uma dieta com uma relação alta de ômega-3/ômega-6 foi associada com o alcance de valores glicêmicos normais em brasileiros descendentes de japoneses em estado pré-diabético.
Estudos relatam que a dieta consumida no Japão, rica em ácidos graxos ômega-3, é o alicerce para a proteção contra as doenças cardiovasculares e que os descendentes de japoneses nascidos no Brasil passam a adotar um estilo de vida ocidental, fortemente associado com o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.
A hipótese deste estudo seria que mudanças na dieta poderiam melhorar o metabolismo da glicose. Mais especificamente, que a relação entre os ácidos graxos dietéticos, especialmente o ômega-3, e a razão entre ômega-3 e ômega-6, poderiam melhorar a tolerância à glicose após 12 meses de intervenção em brasileiros descendentes de japoneses com alto risco para desenvolver diabetes tipo 2.
Antes da intervenção, 455 descendentes de japoneses foram selecionados, sendo 36% deles com tolerância normal à glicose, 9,2% com glicemia de jejum alterada (ou “pré-diabetes”, glicemia de jejum de 100 a 125 mg/dL ou 5,6 a 6,9 mmol/L), 25% com tolerância alterada à glicose (glicemia de 140 a 199 mg/dL ou 7,8 a 11,0 mmol/L na segunda hora do teste da curva glicêmica) e 29% portadores de diabetes tipo 2.
Destes indivíduos, os autores selecionaram apenas os que apresentavam glicemia de jejum alterada e tolerância alterada à glicose, somando um total de 156 participantes. O estudo consistiu das seguintes intervenções no estilo de vida: 150 minutos de atividade física por semana, redução do consumo de carne vermelha, aumento do consumo de peixes (especialmente a sardinha, pois se trata de um peixe facilmente encontrado no Brasil, de baixo custo e elevado teor de ômega-3), aumento do consumo de óleo de oliva (duas porções por dia) e oleaginosas, além das recomendações gerais, como consumo de 400 g de frutas e vegetais por dia, redução da energia proveniente das gorduras saturadas (< 10%), redução de frituras e aumento do consumo de leite e derivados (2 a 3 porções por dia). Para os indivíduos com sobrepeso ou obesidade central foi prescrita uma dieta com restrição de 500 a 1000 Kcal/dia. Os participantes com peso dentro da normalidade puderam comer à vontade.
Durante os 12 meses de intervenção, os participantes frequentaram algumas sessões com nutricionistas e treinadores físicos. Foram colhidas medidas bioquímicas, antropométricas e recordatórios alimentares.
A idade dos participantes variava entre 31 e 87 anos. Após o período de intervenção, 36% dos indivíduos permaneceram com glicemia de jejum alterada ou tolerância alterada à glicose, 59% desenvolveram níveis normais de glicemia e 5% desenvolveram diabetes tipo 2. Não houve diferença com relação a gênero, idade, circunferência da cintura ou índice de massa corporal entre as pessoas que desenvolveram diabetes ou permaneceram pré-diabéticas.
Com maior proporção de ômega-3/ômega-6 (0,151 ± 0,04) e maior porcentagem de energia proveniente de ácidos graxos ômega-3 (2 ± 1%), foi relatado um aumento de 90 g/semana no consumo de peixe entre os indivíduos que se tornaram normoglicêmicos. Contrariamente, menor porcentagem de energia proveniente dos ácidos graxos ômega-3 (1,86 ± 1,1%) e menor proporção de ômega-3/ômega-6 (0,142 ± 0,04) foram encontrados naqueles indivíduos que permaneceram pré-diabéticos, que não aumentaram sua ingestão de peixes.
O consumo de oleaginosas foi baixo e nenhum participante relatou ter feito uso de suplementação de óleo de peixe.
A prática de atividade física também se relacionou com a melhora do metabolismo da glicose, sendo diretamente proporcional à chance de desenvolver normoglicemia.
“Os resultados mostraram a importância da qualidade antes da quantidade das gorduras dietéticas sobre o metabolismo da glicose. Isto é de grande interesse para a saúde pública, a fim de promover hábitos de vida saudáveis visando à prevenção de doenças crônicas”, relatam os autores.
“Por razões éticas, não houve um grupo controle, e isto foi a maior limitação do nosso estudo. Nenhuma conclusão pode ser concreta sem a presença de um grupo controle adequado”, concluem os autores.

Referência(s)

Sartorelli DS, Damião R, Chaim R, Hirai A, Gimeno SG, Ferreira SR. Dietary omega-3 fatty acid and omega-3: omega-6 fatty acid ratio predict improvement in glucose disturbances in Japanese Brazilians. Nutrition. 2009. [Epub ahead of print].





Linda Susan 05/02/10   Salvador/BA

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

OBESIDADE E RISCO À SAÚDE

Um prato de alta palatabilidade !
OBESIDADE E RISCO À SAÚDE


As taxas de obesidade veem aumentando no mundo inteiro, afirmam as pesquisas epidemiológicas. Os humanos variam na sua presdisposição genética ao sobrepeso em resposta às condições ambientais.A obesidade moderna é uma resposta biológica previsível as nossas novas condições ambientais.Constata-se este fato à resposta da população ao consumo de alimento processado de menor preço em relação ao alimento in natura, que ainda demanda tempo, energia e trabalho para ser preparado.

A epidemia de obesidade foi descrita como uma doença neuro-química recidivante, decorrente entre o hospedeiro e o ambiente.

O gasto energético é fator determinante no equilíbrio ponderal. O que observa-se atualmente, é que, a relação entre a ingestão e gasto energético está desequilibrada. Os alimentos calóricos são mais atrativos, o tempo disponível para a alimentação diminuiu, e ainda tempo para aquisição de gêneros e preparo das refeições praticamente desapareceram nas grandes cidades. Associa-se a estes fatos, o sedentarismo da sociedade “moderna” que alteraram o gasto energético. O organismo humano busca se adequar as estas mudanças ambientais.
Quando o consumo calórico é maior que o gasto energético, o desequilíbrio energético provoca desordens metabólicas, as quais levarão o indivíduo a desenvolver a síndrome metabólica , e a obesidade é parte desta síndrome.

A estimulação da termogênese é atualmente um caminho pesquisado pela tecnologia dos alimentos. A cafeína isoladamente ou em combinação com outros extratos vegetais comestíveis pode aumentar o gasto energético em até 100kcal/dia, esta ação tem interessado muito a indústria de alimentos. Este uso poderia minimizar os efeitos deletérios da alimentação fast food tão consumida nos últimos tempos. No entanto, a atividade física voluntária é o único componente de gasto energético que temos controle direto, e é o modo mais promissor de perda de peso, de prevenção e controle da obesidade, claro, associado a uma alimentação personalizada.

O apetite e a saciedade, são outros fatores interferentes no controle de peso. Estas são sensações de interações de sinais, percepções sensorias, distensão do estômago, mensagens hormonais e neurais enviadas do trato gastro intestinal e do cérebro ao resto do corpo. Esta complexa rede de sinais é responsável pela regulação da ingestão de alimentos. Comportamentos aprendidos, padrões de alimentação e sinais externos( exposição a propaganda midiática), ambiente de casa ou do trabalho e relações pessoais, são significativas.
Pesquisas recentes sugerem que alimentos ricos em açúcar e gordura aumentam a expressão dos sinais de fome, reduzem a resposta a sinais de saciedade e ativam o sistema de recompensa( um dos fatores que levam ao prazer de comer). A alta palatabilidade de alimentos ricos em açúcar e gordura poderia levar ao “ hiperconsumismo passivo”. Ouvir os sinais de fome e saciedade do corpo, deve ser proposto como um possível tratamento da obesidade e para evitar o ciclo engorda/emagrece.

A obesidade também está associada aos processos inflamatórios. Os adipócitos, liberam moléculas bioativas, dentre elas proteínas com baixo peso molecular que promovem inflamação, considerada causa principal no desencadeamento da doença cardiovascular. A exemplo do fator de necrose tumoral, que ativa mudanças inflamatórias no tecido vascular e ainda interfere na sinalização da insulina e causa resistência à insulina.

A densidade energética dos alimentos é uma abordagem para controle ponderal que visa a saciação e a saciedade, aumentando a proporção de alimentos ricos em água e fibras, reduzindo desta forma a densidade energética das refeições. A palatabilidade baixa destas refeições dificulta a adesão ao tratamento.
A alimentação rica em proteínas é uma linha de tratamento por curto e monitorado período e que também usa a saciação e a saciedade, com uma vantagem, a alta palatabilidade das refeições e a independência da grelina e leptina. Outros hormônios estão envolvidos na saciedade como a colecistocinina e o peptídeo glucagon símile 1, que são secretados em resposta a nutrientes no trato gastro-intestinal.

Para perda de peso, a redução calórica deve ser de 500kcal/dia por longo período, associado ao gasto energético e a mudanças de estilo de vida e moderação.

No planejamento alimentar o nutricionista deve considerar, além de todos os elementos da relação saúde/doença, os fatores ambientais, sociais, de trabalho, de exposição midiática, de como este indivíduo se relaciona com a comida e principalmente seus valores culturais, os quais vão fornecer dados concretos que serão determinantes na adesão ao tratamento dietoterápico.

Profª Ms Linda Susan de Almeida Araújo  01/02/10  Salvador/BA